História (resumo)
No dia 4 de outubro celebramos São Francisco de Assis, que nasceu na
cidade de Assis, na Itália, em 1181 (ou 1182). Filho de um rico comerciante de
tecidos, Francisco tirou todos os proveitos de sua condição social vivendo
entre os amigos boêmios.
Tentou, como o pai, seguir a carreira de comerciante, mas a tentativa foi em vão.
Sonhou então, com as honras militares. Aos vinte anos alistou-se no
exército de Gualtieri de Brienne que combatia pelo papa, mas em Spoleto teve um
sonho revelador: Foi convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo".
Suas revelações não parariam por aí. Em Assis, o santo dedicou-se ao serviço de doentes e pobres. Um dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: "Francisco, restaura minha casa decadente".
O chamado, ainda pouco claro para São Francisco, foi tomado no sentido
literal e o santo vendeu as mercadorias da loja do pai para restaurar a
igrejinha. Como resultado, o pai de São Francisco, indignado com o ocorrido,
deserdou-o. Com a renúncia definitiva aos bens materiais paternos, São
Francisco deu início à sua vida religiosa, "unindo-se
à Irmã Pobreza".
A Ordem dos Frades Menores teve início com a autorização do papa
Inocêncio III e Francisco e onze companheiros tornaram-se pregadores
itinerantes, levando Cristo ao povo com simplicidade e humildade.
O trabalho foi tão bem realizado que, por toda Itália, os irmãos
chamavam o povo à fé e à penitência. A sede da Ordem, localizada na capela de
Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, próxima a Assis, estava superlotada de
candidatos ao sacerdócio. Para suprir a necessidade do espaço, foi aberto outro
convento em Bolonha.
Um fato interessante entre os pregadores itinerantes foi que poucos,
dentre eles, tomaram as ordens sacras. São Francisco de Assis, por exemplo,
nunca foi sacerdote.
Em 1212, São Francisco fundou com sua fiel amiga Santa Clara, a Ordem
das Damas Pobres ou Clarissas. Já em 1217, o movimento franciscano começou a se
desenvolver como uma ordem religiosa. E como já havia ocorrido anteriormente, o
número de membros era tão grande que foi necessária a criação de províncias que
se encaminharam por toda a Itália e para fora dela, chegando inclusive à
Inglaterra.
Sua devoção a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em
dores e chagas. Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224,
apareceram-lhe no corpo as cinco chagas de Cristo, no fenômeno denominado "estigmatização".
Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram sua grande
fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenômeno, São Francisco de Assis
foi chamado ao Reino dos Céus. Autor do Cântico do Irmão Sol, considerado um
poeta e amante da natureza, São Francisco foi canonizado dois anos após sua
morte.
Em 1939, o papa Pio XII tributou um reconhecimento oficial ao "mais italiano dos santos e mais santo dos italianos", proclamando-o padroeiro da Itália.
A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
O nascimento
Filho de Pietro Bernardone e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu
entre 1181 e 1182 , na cidade de Assis, província da Umbria no centro da
Itália.
A sua grande ligação espiritual a Maria, mãe de Jesus, é mais um sinal
do seu particular respeito e Amor pelas mães de todo o mundo.
Era frequente usar a relação materna em geral, como exemplo de Amor
nos seus diálogos e pregações.
Em relação ao pai, apesar do amor e respeito que nutria por ele, a
relação não foi um exemplo e assim conheceu alguns episódios desagradáveis.
Francisco teve um irmão, de que a história pouco fala.
Chegado o momento do parto, Dona Pica, assistida por várias pessoas
que ajudavam, teve muitas dificuldades e o nascimento da criança parecia se
complicar.
Eis que batem à porta, e a criada ao atender depara-se com um mendigo
que lhe transmite que a senhora da casa deverá dar à luz no estábulo da casa,
junto aos animais.
Dona Pica, ao saber do sucedido, pediu ajuda às criadas para a levarem até ao estábulo. Lá chegada, a criança nasceu e foi lhe dado o nome de João (Giovanni). O pai, quando regressou, em homenagem à França, mudou-lhe o nome para Francisco.
A Juventude
Francisco era o líder da juventude de sua cidade. Alegre, amante da música e das festas, com muito dinheiro para gastar, tornou-se rapidamente um ídolo entre seus companheiros. Adorava banquetes, noitadas de diversão e cantar serenatas para as belas damas de sua cidade. A Itália, como toda a Europa daquela época, vivia uma fase bastante conflituosa de sua história, marcada pela passagem do sistema feudal (baseado na estabilidade, na servidão e nas relações desiguais entre vassalos e suseranos) para o sistema burguês, com o surgimento das "comunas" livres (pequenas cidades).Eram frequentes, nesta época, guerras e batalhas entre os senhores
feudais e as emergentes comunas. Como todo jovem ambicioso de sua época,
Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de
nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma dessas freqüentes
batalhas. No ano de 1201, incentivado por seu pai, que também ansiava pela fama
e nobreza, Francisco partiu para mais uma guerra que os senhores feudais,
baseados na vizinha cidade de Perúsia, haviam declarado contra a Comuna de
Assis. Durante os combates, em uma tarde de inverno, Francisco caiu
prisioneiro, sendo levado para a prisão de Perúsia, onde permaneceu longos e
gelados meses. Para um jovem cheio de vida como ele, a inércia da prisão deve
ter sido especialmente dolorosa. Somente seu espírito alegre, seu temperamento
descontraído e seu gosto pela música o salvaram do desespero. Encontrava ainda
forças para reconfortar e reanimar a seus companheiros de infortúnio.
Costumava dizer, em tom de brincadeira para seus companheiros: "Como quereis que eu fique triste,
sabendo que grandes coisas me esperam? O mundo inteiro ainda falará de
mim!" Ao término de um ano foi solto da prisão, retornando para Assis,
onde se entregou novamente aos saudosos divertimentos da juventude e às
atividades na casa comercial de seu pai.
Enfermidade e o início da conversão
O clima insalubre da prisão, agravado pelos prolongados meses de
inverno, haviam-lhe enfraquecido o organismo, provocando agora uma grave
enfermidade. Depois de longos meses de sofrimento, sem poder sair da cama,
finalmente conseguiu melhorar. Ao levantar-se, porém, não era mais o mesmo
Francisco. Sentiu-se diferente, sem poder compreender o porquê. A verdade é que
a humilhação e o sofrimento da prisão, somado ao enfraquecimento causado pela
doença, provocaram profundas mudanças no jovem Francisco. Foi o caminho que
Deus escolheu para entrar mais profundamente em sua vida. Já não sentia mais
prazer nas cantigas e banquetes em companhia dos amigos. Começou a perceber a
leviandade dos prazeres puramente terrenos, embora ainda não buscasse a Deus.
Na verdade, Francisco não nasceu santo, mas lutou muito para se tornar santo!
Francisco havia perdido o gosto pelos prazeres mundanos, mas
conservava ainda a ambição da fama. Por esse motivo, sonhava com a glória das
armas e a nobreza, que se conquistavam nos campos de batalha.
Por isso, aderiu prontamente ao exército que o Conde Gentile de Assis
estava organizando para ajudar o Papa Inocêncio III na defesa dos interesses da
Igreja. Contou para isso com a aprovação entusiasmada do pai, que vislumbrava
aí a oportunidade tão longamente esperada de enobrecer sua família. Deus,
porém, lhe reservava algumas surpresas...
Antes de partir, num impulso de generosidade, Francisco cedeu a um
amigo mais pobre os ricos trajes e a armadura caríssima que havia preparado
para si. Isso lhe valeu um sonho estranho: viu um castelo repleto de armas
destinadas a ele e a seus companheiros. Francisco não conseguiu entender o
significado do sonho. Pensou que estava, talvez, destinado a ser um famoso
guerreiro! O fato é que o sonho não lhe saía do pensamento.
Ao chegar ao povoado de Espoleto, Deus tornou a lhe falar em sonhos,
desta vez com maior clareza, de modo que ele reconheceu a voz divina que lhe
perguntava: "A quem queres servir:
ao Servo ou ao Senhor?" Francisco respondeu prontamente: "Ao Senhor, é claro!" A voz
tornou a lhe falar: "Por que
insistes então em servir ao servo? Se queres servir ao Senhor, retorna a Assis.
Lá te será dito o que deves fazer!" Francisco entendeu, então, que
estava buscando apenas a glória humana e passageira. Estava fazendo a vontade
de pessoas ambiciosas e mesquinhas e não a vontade do Senhor do Universo.
Desafiando os sorrisos de desdém dos vizinhos e a cólera de Pedro
Bernardone, contrariado em seus projetos, Francisco retornou a Assis, dando
prova da energia de seu caráter e do valor do seu ânimo, virtudes que se
mostrariam valiosas mais tarde nos percalços de seu novo caminho.
Começou a longa busca e a longa espera: "O que Deus quer de mim? O que Ele quer que eu faça?" Era
esse o constante questionamento de Francisco. Para tentar desvendar os
desígnios de Deus, passou a se dedicar à oração e à meditação. Percorria campos
e florestas em busca de lugares mais tranquilos, em busca de respostas para
suas dúvidas e inquietações. Para ele, tudo passou a ter outro sentido. Passou a
enxergar as coisas com outros olhos e outro coração.
Viagem a Roma
Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e, indignado pelo que viu, exclamou: "É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!" E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.A família e os amigos estavam preocupados com o jovem Francisco: o que lhe estaria acontecendo? Será que ainda estava em pleno juízo? Seu pai, então, não se conformava! Não era isso que ele tinha sonhado para seu filho! Indignado, forçava-o a trabalhar cada vez mais em seu estabelecimento comercial.
O beijo no leproso e o novo chamado de Deus
Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso,
que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfato,
cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo.
Mas, então, como que movido por uma força superior, apeou do cavalo,
e, colocando naquelas mãos sangrentas seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo
de amizade.
Falando depois a respeito desse momento, ele diz: "O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do
corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a
Deus".
Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São
Damião, semi-destruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um
crucifixo bizantino, que a piedade popular ali venerava, quando uma voz, saída
do crucifixo, lhe falou: "Francisco,
vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas". Não percebendo o
alcance desse chamado e vendo que aquela Igrejinha estava precisando de urgente
reforma, Francisco regressou a Assis, tomou da loja paterna um grande fardo de
fina fazenda e vendeu-a. Retornando, colocou o dinheiro nas mãos do sacerdote
de São Damião, oferecendo-se para ajudá-lo na reconstrução da capela com suas
próprias mãos.
Conhecendo o caráter de Pedro Bernardone, é fácil imaginar sua cólera ao ver desfalcada sua casa comercial e perdido o seu dinheiro. Não bastava já o desfalque que dava ao entregar gratuitamente mercadorias e alimentação para os "vagabundos" necessitados? Agora mais essa! E Francisco teve que se esconder da fúria paterna. Certo dia saiu resolutamente a mendigar o sustento de porta em porta na cidade de Assis. Para Bernardone isso já era demais! Como podia ele envergonhar de tal forma sua família? Se seu filho havia perdido o juízo, era necessário encarcerá-lo! Assim, Francisco experimentou mais uma vez o cativeiro, desta feita num escuro cubículo debaixo da escada da própria casa paterna. Depois de alguns dias, movida pela compaixão, sua mãe abriu-lhe às escondidas a porta e o deixou partir livremente para seguir o seu destino.
O despojamento das vestes e dos
bens materiais
Bernardone exigiu que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francisco sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: "Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste". O Bispo, então, o acolheu, envolvendo-o com seu manto.
Daquele momento em diante, cantando "Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo", afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos, tratando de suas feridas, e à reconstrução das Capelas e Oratórios que cercavam a cidade. Cada dia percorria as ruas mendigando seu pão e convidando as pessoas para que contribuíssem com pedras e trabalho na restauração das "Casas de Deus" que estavam em ruínas. De alguns recebia apoio e incentivo. De muitos, o desprezo e a zombaria. No entender da maioria, o filho de Pedro Bernardone havia perdido completamente o juízo.
Estava já terminando a restauração da última Igrejinha da redondeza, a
capelinha de Santa Maria dos Anjos e perguntava-se o que faria depois. O que mais lhe pediria Deus? Não havia
entendido ainda que a Igreja que devia restaurar não era a de pedra, mas a
própria Igreja de Cristo, enfraquecida na época pelas divisões, heresias e pelo
apego de seus líderes às riquezas e ao poder.
Devia ser aquele o ano de 1209. Certo dia, Francisco escutou, durante
a missa, a leitura do Evangelho: tratava-se da passagem em que Cristo instruía
seus Apóstolos sobre o modo de ir pelo mundo, "sem túnicas, sem bastão,
sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso ..." (Lc 9,3). Tais
palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E
exclamou, cheio de alegria: "É isso
precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!" E
sem demora começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do
Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros:
"Nossa regra de vida é viver o
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo"!
A partir daquele dia, Francisco iniciou sua vida de pregador
itinerante, percorrendo as localidades vizinhas e pregando, em palavras
simples, o Evangelho de Cristo.
Muitos começaram, enfim, a compreender o sentido dessa vida e
manifestaram o desejo de seguí-la.
No ano de 1210, Francisco e seus seguidores viajaram até Roma para
buscar a aprovação do Papa para o seu modo de vida. Mas como aquele bando de
mendigos, maltrapilhos e desconhecidos seria recebido pelo severo Inocêncio
III? Francisco rezava e confiava. Afinal, não era o próprio Cristo que o estava
conduzindo?
Por coincidência ou providência divina, encontrava-se em Roma, nessa
ocasião, o Bispo de Assis, grande admirador de Francisco. Graças a ele o Papa
os recebeu.
Inocêncio III ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo
e, especialmente, com a figura de Francisco, a clareza de sua opção e a firmeza
que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando
as colunas da Igreja de Latrão (a igreja-mãe de todas as Igrejas do mundo!),
que ameaçava ruir. O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava
Francisco a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja,
naquele tempo tão distanciada dos ensinamentos de Cristo! Por isso deu a seu
modo de viver o Evangelho a aprovação oficial da Igreja. Autorizou Francisco e
seus seguidores a pregar o Evangelho nas igrejas e fora delas e os despediu com
sua bênção. Este fato histórico ocorreu a 16 de Abril de 1210, marcando o
nascimento oficial da Ordem Franciscana.
Ao voltar de Roma, Francisco e seus companheiros resolveram ficar por
uns tempos em Rivotorto. No lugar de Rivotorto, existia um pequeno casebre,
cuja função era apoiar e dar abrigo aos viajantes que pontualmente passavam por
ali.
Sermão das aves
Certo dia, Francisco saiu para uma missão. Entre Cannara e Bevagna, num local silvestre, onde havia um pequeno descampado e ao redor muitas árvores de todas as espécies.Em cima das árvores, voando em revoadas e espalhadas pelo chão no descampado, muitas aves, que cantavam e se confraternizavam com grande alarido.
O Santo falou a seus discípulos: "Esperem um momento, vou pregar às nossas irmãzinhas aves!"
Entrou no campo indo de encontro às aves que estavam no chão. E mal começou a pregar, as que estavam nas árvores desceram. Nenhuma se mexia, embora andando ele passasse perto e mesmo chegasse a roçar nelas com a extremidade de sua veste! E dizia às aves:
"Minhas irmãzinhas aves,
vocês devem muito a DEUS, o CRIADOR, e por isso, em todo lugar que estiverem devem
louva-LO, porque ELE lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente,
da mesma forma que devem agradecer o alimento que ELE lhes dá, sem que para
isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o SENHOR lhes
proporciona, que lhes permitem realizar lindas entonações! Vejam, minhas
queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam. É DEUS quem lhes
apascenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá
os montes e os vales, para o seu refúgio e lazer, assim como lhes dá as árvores
altas, para fazerem os ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, DEUS lhes
concede admiráveis vestimentas para todas vocês e seus filhos, porque ELE lhes
ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas,
procurem sempre se esforçarem em louvar a DEUS." Acabando de
dizer-lhes estas palavras, todas as aves num gesto quase uniforme, começaram a
abrir os bicos e esticar os pescoços, à medida que abriam as asas e inclinavam
reverentemente a cabeça até a terra, cantando, demonstrando assim que Francisco
lhes havia proporcionado uma grande satisfação!
Finalmente, São Francisco lhes fez o Sinal da Cruz e deu-lhes licença
de se retirarem. Então, todas aquelas aves se levantaram no ar com um
maravilhoso canto, e logo se dividiram em revoadas e desapareceram atrás das
colinas e das matas.
Conta-se que, dias depois, o Santo foi em companhia de Frei Massau a
um lugarejo chamado Alviano, entre Orte e Orvieto. Pararam na praça do Mercado
e como sempre, cantaram uma melodia com versos que convidavam a conversão do
coração, com a finalidade de reunir o povo. Depois começou a pregar.
Entardecia. As andorinhas que ainda hoje fazem ninho nos altos muros e nas
torres das construções, voavam de um lado para outro em ciclo contínuo,
cantando forte e de modo quase uníssono. Os habitantes do lugarejo que se
comprimiam ao redor para ouvir a palavra dele, não estavam conseguindo entender
quase nada, porque o barulho das andorinhas era muito intenso. Então, Francisco
com a maior tranqüilidade, olhou para elas e com muita doçura disse:
"Irmãs andorinhas,
parece-me que agora é minha vez de falar. Já cantaram e falaram bastante!
Escutem, pois, a palavra de DEUS e fiquem silenciosas enquanto eu falo!" Elas
pararam e fizeram um grande silêncio, por todo o tempo que ele falou.
A morte de Francisco
Quando percebeu que estava próximo de morrer, mandou que o levassem para a sua pequena cela na Porciúncula. No Sábado dia 3 de Outubro, o Santo vivia os seus últimos momentos. Ao entardecer começou a cantar o Salmo 141 de David, rodeado pelos frades que choravam e não queriam deixa-lo sozinho. Com o passar do tempo, o som de sua voz foi perdendo a intensidade até que emudeceu inteiramente. Seus lábios fecharam para sempre e foi cantando, que entrou na eternidade. DEUS infinita bondade, ainda permitiu uma última saudação ao seu humilde cantor. Por cima de sua cabana e ao redor, apenas a voz do Santo calou, o espaço foi ocupado por um sonoro e imprevisto coro de vozes de todas as aves, que em profusão e admirável alarido vieram cantando dar-lhe o último adeus.Dois anos após sua morte foi beatificado e em 1228, declarado Santo no
dia 16 de Julho pelo Papa Gregório IX. Seu Mausoléu encontra-se na Basílica com
o seu nome, em Assis. São Francisco foi escolhido oficialmente padroeiro da
Itália.
Uma ordem de irmãos
A Ordem Franciscana foi criada como uma Ordem de Irmãos, que assumiam a missão de viver e pregar o Evangelho. Não era uma Ordem Clerical (Ordem composta por sacerdotes), como outras que já existiam. O próprio Francisco não quis ser sacerdote e os primeiros frades também não tinham esse objetivo. Desde o início, porém, houve o ingresso de alguns sacerdotes já formados, que desejavam ser franciscanos. Algum tempo depois, sobretudo quando Santo Antonio, professor de Teologia, ingressou na Ordem, passou a ensinar Teologia aos frades e alguns deles passaram a se ordenar sacerdotes. Mais tarde, devido principalmente às necessidades da Igreja, a maioria dos frades passou a se ordenar. Mas até hoje, dentro da ordem Franciscana, convivem como irmãos, em igualdade de condições, frades sacerdotes e não sacerdotes (estes chamados outrora de irmãos leigos, por não serem sacerdotes), cada um exercendo a sua função. Esse é, sem dúvidas, um dos aspectos mais belos da Ordem criada por São Francisco.
As Clarissas
Francisco, além de fundar a 1ª Ordem Franciscana (masculina), foi também o fundador da 2ª Ordem Franciscana, conhecida também por Ordem de Santa Clara, abrindo assim a vivência do ideal franciscano para o ramo feminino. A primeira religiosa franciscana foi a jovem Clara Offreduccio, mais tarde chamada de Santa Clara de Assis, jovem de família nobre e admiradora de Francisco desde que o conhecera como "Rei da Juventude" pelas ruas e festas de Assis. Passou a admirá-lo mais ainda, quando se tornou um inflamado pregador da alegria e da paz, da pobreza e do amor de Deus, não só através de palavras, mas com o exemplo de sua própria vida.Era isso precisamente o que almejava a jovem Clara. Não estava satisfeita com os esplendores do palácio de sua família, nem com o sonho do futuro enlace principesco ao qual seus pais a estavam encaminhando. Sonhava com uma vida mais cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade e realização. O estilo de vida dos frades a atraía cada vez mais.
Depois de muitas conversas com Francisco, aos 18 de março de 1212,
(Domingo de Ramos), saiu de casa sorrateiramente em plena noite, acompanhada
apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga, e foi procurar Francisco na
Igrejinha de Santa Maria dos Anjos, onde ele e seus companheiros já a
aguardavam. Frente ao altar, Francisco cortou-lhe os longos e dourados cabelos,
cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que a donzela Clara fizera a sua
consagração como Esposa de Cristo. Nem a ira dos seus parentes, nem as lágrimas
de seus pais conseguiram fazê-la retroceder em seu propósito. Poucos dias
depois, sua irmã, Inês, veio lhe fazer companhia, imbuída do mesmo ideal.
Alguns anos após, sua mãe, Ortulana, juntamente com sua terceira filha Beatriz,
seguiu Clara, indo morar com ela no conventinho de São Damião, que foi a
primeira moradia das seguidoras de São Francisco. Com o correr dos anos,
rainhas e princesas, juntamente com humildes camponesas, ingressaram naquele
convento para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas
Pobres, seguidoras de São Francisco, muitas das quais se tornaram grandes
exemplos de santidade para toda a Igreja.
O TAU na vocação Franciscana
O TAU tem a forma da letra grega TAU (T) que é uma cruz.
As duas maiores influências diretas em São Francisco de Assis, em
relação ao TAU, foram os antonianos e o Quarto Concílio Luterano. São Francisco
de Assis tomou o TAU e seu significado dos antonianos. Eles eram uma comunidade
religiosa masculina, fundada em 1095, cuja única função era cuidar dos
leprosos.
FONTE: www.angelfire.com
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